quarta-feira, 13 de agosto de 2008

MANO AL ASSINA MAIS UM RAP

MANO AL ASSINA MAIS UM RAP NO PARALELO 27.

Depois da composição do Rap do Fred, feita em protesto as condições do transporte coletivo em Frederico Westphalen, Álvaro Silva mostrou a cara no palco do Paralelo 27, levou críticas, aplausos, mas acima de tudo, assinou mais um Rap que leva o título: Antropofagia.

Alunos e professores de jornalismo do Cesnors aproveitaram os dias finais do primeiro semestre de 2008 para integrar-se em torno da arte. Afinal, as 16 apresentações que foram ao palco do auditório 172, do CAFW (Colégio Agrícola de Frederico Westphalen), é a oportunidade dos acadêmicos mostrarem seus potenciais de comunicação.


Das frases que ecoaram na segunda edição do Paralelo 27, dia 09 de julho, destaco a composição do Mano AL, que em forma de Rap e em tom de protesto, soltou o verbo no palco: “– Me mostre os seus textos. Eles falam do que mesmo? Das Festas da redondeza, ou das histórias de pobreza... Mas covardia é só o que vejo, enquanto você grava essa sonora a pauta verdadeira vai embora. E o que sobra é um beijo de Judas, mas de mim, não espere um tapa de luvas.”Esse foi o tom do discurso que recebeu o acompanhamento rítmico do professor Luis Fernando. Simultâneo ao rap passava uma seleção de fotos ilustrativas no telão.


Álvaro afirmou que estamos condicionados a pautas sugeridas pelo sistema e necessitamos lançar um olhar mais profundo para captar aquilo que está à margem da sociedade e necessita ser mostrado: “Fiz esse rap pensando naquelas pessoas que não são retratadas pela mídia. Durante minha apresentação mostrei algumas fotos que tirei de uma catadora de lixo e seu filho. São essas pessoas que merecem ser retratadas. Porém, o que eu vejo é que nós (me incluo nessa parcela), falamos em nossas reportagens sobre o que é mais fácil e mais acessível, pois que organizador de festa não gostaria de ver o seu evento retratado na mídia local.”


O “feedback” do evento pode ser conferido na comunidade do jornalismo do Cesnors no Orkut, onde os membros formulam suas opiniões sobre as apresentações ocorridas no evento. Elogios e incentivos rasgados e de caras limpas. Porém gostaria de destacar que um integrante da comunidade deixou uma opinião justamente sobre o objeto desta matéria, que diz o seguinte: “- Tirando o Mano Al, todos estão e parabéns!”


Recortar os eventos da sociedade e repercutir nas mídias aplicando as teorias de sociologia, ética e imparcialidade e outros tantas do currículo, é tarefa que demanda esforço e mente aberta. Alguns demonstram potencial, porém ao entrar em contato com aquela critica anônima ao Álvaro, é possível perceber que existem outros que enredados em seu pequeno mundo, não estão acompanhando o valioso aprendizado que os mestres e doutores do CESNORS estão ensinando.


Nesta oportunidade lembro-me da letra da música Blues Piedade, do compositor e interprete Cazuza: “Agora eu vou cantar pros miseráveis, que vagam pelo mundo derrotados...” Pra quem “...vive contando dinheiro e não muda quando é lua cheia. Pra quem não sabe amar, fica esperando alguém que caiba no seu sonho, como varizes que vão aumentando, como insetos em volta da lâmpada. Vamos pedir piedade! Senhor piedade pra essa gente careta e covarde. Vamos pedir piedade! Senhor, piedade, lhes dê grandeza e um pouco de coragem. Quero cantar, só para as pessoas fracas, que estão no mundo e perderam a viagem, quero cantar os blues com o pastor e o bumbo na praça.”


O Rape do Mano AL carrega características dignas de aplauso, como ritmo e poesia, marcas relevantes do Rap que deu voz aos pobres e negros (jamaicanos) de Nova Iorque. Se a crítica viesse pelo fato de não valorizar um ritmo genuinamente brasileiro ou por usar um vocabulário muito limpo sem gírias, até compreenderia, e seria possível inferir que esse aluno é um conhecedor das vertentes musicais que fluem pelo mundo.


Afinal esse anônimo poderia ter participado da aula de jornalismo cultural, ministrada pelo professor Luiz Fernando Rabelo, e estaria habilitado a criticar a vontade. Porém, a crítica não apresenta “data e nem hora certa”. Alias, se tivesse aprendido alguma coisa, por certo faria questão de assinar a matéria.


Antonio Marcos Demeneghi

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